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JANEIRO ROXO | CAMPANHA DE MOBILIZAÇÃO DO ENFRENTAMENTO A HANSENÍASE | 2022

DATA: 31-01-2022

HANSENÍASE

JANEIRO ROXO| MÊS DE COMBATE A HANSENÍASE | SMS PIRAÚBA| 2022

A hanseníase constitui-se como importante endemia para a saúde pública do Brasil, sobretudo por sua magnitude e pelo poder incapacitante, fator que contribui para a ocorrência do estigma e de atitudes discriminatórias. Combater esses fatores marcantes da exclusão social ao longo da história é extremamente necessário, pois a hanseníase tem cura, tratamento e acompanhamento disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Embora se tenham conquistado avanços nas últimas décadas, o Brasil está entre os 22 países que possuem as mais altas cargas da doença em nível global, cerca de 30 mil novos casos de hanseníase são detectados todos os anos. É um dado alarmante, cujo enfrentamento depende, de um lado, do aperfeiçoamento e implementação plena de políticas públicas. Do outro lado, de que cada um de nós faça sua parte e esteja atento ao próprio corpo, procurando orientação médica em caso de sinais e sintomas suspeitos.

Em 30 de janeiro, comemora o Dia Mundial contra a Hanseníase; e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, data instituída pela Lei nº 12.135/2.009.

O Boletim Epidemiológico de Hanseníase, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DCCI/SVS/ MS), apresentou informações acerca dos casos de hanseníase no Brasil. Utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no período de 2010 a 2020 e dados preliminares de 2021.

Em 2020, foram reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS) 127.396 casos novos da doença no mundo. Desses, 19.195 (15,1%) ocorreram na região das Américas e 17.979 foram notificados no Brasil, o que corresponde a 93,6% do número de casos novos das Américas. Brasil, Índia e Indonésia reportaram mais de 10.000 casos novos, correspondendo a 74% dos casos novos detectados no ano de 2020. Nesse contexto, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia.

Em Minas Gerais foram identificados aproximadamente 800 casos novos em 2021. Em Piraúba permanece sem casos confirmados. O que significa sem casos notificados. Enfatizando a necessidade de disseminar informações referente a patologia, para identificação e tratamento precoce.

Embora se observe uma diminuição dos casos de hanseníase ao longo dos anos, a redução mais acentuada nos últimos dois anos pode estar relacionada à menor deteção de casos ocasionada pela pandemia de covid-19.

A hanseníase é uma patologia de registro milenar descrita como doença infectocontagiosa de caráter crônico, com manifestações dermatoneurológicas e potencial incapacitante, que pode acometer pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias. Está inserida no grupo de doenças tropicais negligenciadas e prevalece em áreas em que a população vive em situações de vulnerabilidade socioeconômica, com dificuldades de acesso aos serviços de saúde.

O agente etiológico é o Mycobacterium leprae, identificado apenas em 1873 pelo cientista norueguês Armauer Hansen. Esse bacilo pode infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), embora poucos adoeçam (baixa patogenicidade). O M. leprae tem predileção pela pele e pelos nervos periféricos, especificamente as células de Schwann. Pertencente à categoria de parasita intracelular álcool-ácido resistente, esse bacilo não cresce em meios de cultura artificiais, ou seja, não é cultivável in vitro.

Estima-se que a maioria das pessoas possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae, portanto a maior parte da população que tiver contato com o bacilo não adoecerá. É sabido que a suscetibilidade ao M. leprae tem influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase apresentam maior chance de adoecer.

O ser humano é reconhecido como a única fonte de transmissão. Ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença e sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, presente em gotículas emitidas pelas vias áreas superiores, infectando outras pessoas quando há um contato mais próximo e prolongado. O M. Leprae é um bacilo microaerófilo, ou seja, cresce em ambientes com quantidades pequenas de oxigênio. Sendo assim, ambientes fechados e com maior número de pessoas aumentam as chances de transmissão da doença. Desse modo, o domicílio configura-se como um importante espaço de transmissão da doença.

O período de incubação dura em média de dois a sete anos, embora haja referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.

Os sinais e sintomas podem ser: Manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade dolorosa, térmica e tátil; Sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros; Perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração; Inchaço e dor nas mãos, pés e articulações; Dor e espessamento nos nervos periféricos; Redução da força muscular, sobretudo nas mãos e pés; Caroços no corpo; Pele seca; Olhos ressecados; Feridas, sangramento e ressecamento no nariz; Febre e mal-estar geral.

Além do pequeno número de casos nos quais não há lesões na pele, mas apenas dormência ou dor no trajeto dos nervos, a doença pode afetar os olhos e outros órgãos internos, como os testículos, no caso dos homens. Isso ocorre geralmente em pacientes que estão sem diagnóstico há muito tempo, o que faz com que a hanseníase acabe evoluindo e avançando. Algumas regiões, como as articulações e as juntas do corpo, como o cotovelo e o joelho, podem ser afetadas e apresentarem inflamação, e a pessoa acaba desenvolvendo uma artrite. Inclusive, alguns casos são, por isso, investigados como se fossem uma doença reumatológica.

O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico. Ou seja, o médico capacitado consegue diagnosticar a doença apenas por meio do exame físico do paciente. Obviamente, sempre que possível, exames complementares como a baciloscopia – que mede a carga bacilar do paciente – e a biópsia da pele devem ser realizados, mas não são de extrema necessidade para o diagnóstico.

Em caso de diagnóstico confirmado para hanseníase, oriente as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular (familiares, amigos, colegas de trabalho) a também irem ao médico para serem examinadas.

Desse modo, considerando as peculiaridades clínicas, epidemiológicas e psicossociais da hanseníase, as ações para o controle da doença no país baseiam-se: na busca ativa para detecção precoce dos casos, tratamento oportuno, prevenção e tratamento das incapacidades; reabilitação; manejo das reações hansênicas e dos eventos pós-alta; investigação dos contatos de forma a interromper a cadeia de transmissão, além da formação de Grupos de Autocuidado e ações adicionais que promovam o enfrentamento do estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.

Quem tem diagnóstico para hanseníase deve começar a tomar os medicamentos prescritos de imediato. Ao fazer isso, o paciente deixa de ser transmissor da doença. E atenção: é importante não abandonar o tratamento ou deixar de tomar os remédios.

O tratamento da hanseníase recomendado pela OMS, realizado por meio de uma associação de três antimicrobianos, rifampicina, dapsona e clofazimina, denominado poliquimioterapia (PQT), a qual foi implantada no Brasil em 1991 como esquema único para tratamento, após avaliação da utilização em unidades-piloto. A introdução da PQT de forma universal impactou na redução da prevalência da doença e na reorganização do processo de trabalho dos programas de controle do agravo.

A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença. Para pacientes com hanseníase paucibacilar (PB) a duração é de seis meses e para pacientes com hanseníase multibacilar (MB) a duração é de doze meses.

A questão mais importante que existe na hanseníase é que o tratamento com os antibióticos torna o paciente incapaz de transmitir a doença, o que significa que mata as bactérias e o paciente passa a ser não contagiante. Por outro lado, esse tratamento com antibióticos não tem a capacidade de reverter o dano neural, pois muitas vezes o paciente chega para tratamento já com muitas alterações de sensibilidade e motoras. Essas alterações não são revertidas pelo tratamento com antibióticos. Por isso, é crucial na hanseníase o diagnóstico precoce. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais rapidamente o tratamento é instituído e menos sequela o paciente terá.

Em nosso município, nas Unidades de Atenção Primária à Saúde é realizado a consulta e exame clínico, em caso de diagnóstico da doença é referenciado a Casa de Saúde Padre Damião (FHEMIG), serviço especializado em Hanseníase na região, onde acompanha os pacientes e seus contatos próximos conforme tratamento indicado.

A vacina BCG demonstra um efeito preventivo contra a hanseníase reduzindo a morbidade e a observância de formas contagiosas entre os contatos, ou seja, a vacina não previne o surgimento da doença e, sim, se a doença se manifestar as formas serão mais brandas.

A melhor maneira de prevenir a hanseníase é ter o hábito de examinar a pele para, em caso de alteração, procurar ajuda médica, principalmente se houver dormência nas mãos, pés, olhos e nas regiões das manchas.

REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais. Hanseníase tem cura. 2021. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/hanseniase.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico de Hanseníase. Número Especial. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

Brasil. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Vamos falar sobre Hanseníase?. 2022. Disponível em: https://www.sbd.org.br/janeiroroxo/.

 

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